quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Depoimentos, sugestão de video

Depoimentos:

1- Camila Magalhães
"Eu surtei no CTI. Dizia que era piada, que aquilo não podia estar acontecendo comigo", lembra Camila Magalhães, tetraplégica há 11 anos.“Uma das coisas mais frustrantes de quando você fica preso numa cadeira de rodas é que tudo é lento, tudo é devagar. Então só o fato de você estar em velocidade em cima de um cavalo, ter o vento no rosto, o cabelo voando, então isso triplica a intensidade desse bem-estar para uma pessoa que já ficou presa numa cadeira de rodas do que para outra”. Camila ficou tetraplégica aos 12 anos, vítima de uma bala perdida. "Na época, os médicos diziam que não teria jeito, eu não voltaria a me movimentar do pescoço para baixo e teria que fazer uma série de adaptações porque eu não conseguiria sentar direito. Acho que foi um dos piores diagnósticos", diz ela, que hoje está com 23 anos."A medula liga o cérebro ao corpo. A ordem para mover o braço ou a perna vem do cérebro. Se lesar em cima, vai atingir os quatro membros. Se lesar mais embaixo, vai atingir predominante as pernas. A partir do momento da ruptura e passa a ser tetraplégico, dificilmente a pessoa vai ficar com os mesmos movimentos de antes. A maioria, 90% dos casos, fica com uma seqüela maior. Mas ela aprende a usar os movimentos que tem para obter qualidade de vida, ser independente, trabalhar, estudar e ser feliz", explica a neurocientista da Rede Sarah, Lúcia Braga. ."Eu acredito que vou voltar a andar, não tenho dúvida disso",afirma Camila."Quem não participou do problema e não me viu tetraplégica, normalmente diz que não aconteceu”.

2 – Kristie
Kristie foi atingida na cabeça por um portão.Quem vê Kristie, uma mulher bonita, de 41 anos, jogadora de pólo internacional, nunca vai imaginar que ela tem uma história parecida com a Luciana da novela "Viver a vida". Aos 17 anos, ela também era modelo, sofreu um acidente e ficou tetraplégica, como a personagem."No início, eu não mexia nada do pescoço para baixo. Um médico chegou a dizer para eu parar de chatear todo mundo porque eu não ia conseguir nem sentar novamente. Ele disse que eu tive uma ruptura medular e que era impossível, não ia acontecer. Minha resposta para ele foi que eu sentia muito, mas como não tinha nada melhor para fazer, eu ia morrer tentando", lembra Kristie, que levou dez anos para conseguir andar sozinha.A Doutora Lucia explica que não há casos na história da medicina de reversão da tetraplegia quando a ruptura da medula é total. E nos casos de ruptura parcial, como de Kristie, apenas 2% voltam a andar. E Kristie fez de tudo para estar entre eles. "Terapia passiva, seis horas dentro d'água todo dia, jatos de areia para estimular a circulação, banhos de parafina para condicionar as pernas", conta Kristie."Eu participei de uma pesquisa com células-tronco em Portugal, em fase de pesquisa. Tive mais percepção do corpo, mais sensibilidade, mais força. Alguns movimentos leves."Eu consigo dobrar a perna, mas não consigo colocar peso no joelho dobrado. Ao andar, eu levanto um pouco mais um pé até o outro sair do chão. Em seguida, eu desloco o quadril", explica Kristie. Eu já me expus a médicos que não acreditaram. Se quiserem me examinar, estou aqui", anuncia Kristie Kristie está casada, tem cinco filhos, e hoje ajuda pessoas com o mesmo problema através de eventos beneficentes de seu time de pólo.

Emocionante entrevista com Christopher Reeve
http://amaralnascimento.com/blog/reeve.htm

Deficientes descobrem novas formas de prazer

Quando Antônio Jorge Alves perdeu o movimento das pernas, lhe doeu muito saber que precisaria usar um outro tipo de cadeira, diferente de todas nas quais ele já havia se sentado. “Quando me deram a cadeira de rodas, eu disse que não ia querer”, lembra. Mas tão difícil quanto usar cadeira de rodas foi trocar o modelo da sua cama. Logo depois do acidente, a esposa de Antônio tratou de vender o leito de casal em que os dois se deitavam. “Esse gesto foi a maior decepção de quando eu fiquei deficiente”, diz, com um tom magoado.
A situação enfrentada por Antônio Jorge Alves é a imagem precisa para definir as dores que a deficiência física pode causar. Afinal, há lesões muito mais graves de que aquelas que tiram o movimento das pernas, braços, ou mesmo de todo o pescoço para baixo. Se não receber apoio da família e não encontrar força psicológica para superar o problema, o deficiente pode ficar mutilado em sua estima, e se sentir incapaz para várias realizações, inclusive para amar.
“No amor, o deficiente precisa aprender a valorizar outras sensações”, explica o psicólogo Adriano Baratta, que atuou no Sarah. Além de estudioso do tema, Adriano viveu na própria pele essa realidade. Foi tudo muito rápido. Um mergulho de cabeça, uma forte pancada, o sangue misturado com a água. A medula se comprimiu, e Adriano ficou tetraplégico. Ele ganhou um novo corpo, e a cadeira de rodas virou companheira constante. Foi preciso recomeçar. “Quando retomei a vida sexual, tive a mesma sensação e insegurança de minha primeira vez”, lembra. “O sexo mudou. A mulher passou a assumir um papel mais ativo na relação”.
A sexualidade do deficiente físico é muito mais complexa do que se pode imaginar. Assim como ocorre com todas as pessoas, não dá para dizer que os corpos reagem de forma igual aos estímulos da carne. Tudo depende de inúmeros fatores, como altura da lesão na medula, gravidade da fratura, capacidade psicológica para enfrentar o problema, e qualidade no processo de reabilitação. “Nem todas as pessoas chegam a ter comprometimento da função sexual após a lesão”, explica o urologista Márcio Josbete Prado.
Lógica complexa.
Apesar do incidente da cama de casal, Antônio Jorge não deixou de ter um leito grande o suficiente para caber outras necessidades que não o sono. Em 1994, ele se separou da mulher e hoje, com uma certa freqüência, troca de namoradas. Mas, como sua cama, o sexo ficou pela metade. Ou melhor: assim como sua cama, o sexo mudou de formato. “Eu consigo manter ereção, mas não ejaculo nem sinto prazer. Atualmente, meu prazer maior é satisfazer minha parceira”.
Até hoje, Antônio tem, guardada nas costas, uma bala de revólver, triste lembrança daquele assalto. Foi tudo muito rápido, sempre é rápido. De repente, o pequeno pedaço de metal quente atravessou seu corpo, e ele caiu por cima das próprias pernas. “Foi horrível. Não sei porque, me senti como uma câmarade ar”. O tiro atingiu a coluna, e a medula ficou lesionada. A lesão impediu a comunicação entre os membros inferiores e o cérebro, e por isso Antônio deixou de movimentar as pernas. Mas, se é assim, como se explica o fato de ele ter ereção?
“Na ereção reflexa, não é preciso a comunicação com o cérebro”, diz Josbete Prado. O problema é que, muitas vezes, as ereções reflexas não são suficientes para o estabelecimento de uma relação sexual. “Às vezes, esse tipo de ereção dura pouco e não tem a rigidez necessária”, completa Prado. Mas para isso, existem vários santos remédios, como alguns não deficientes bem sabem. Viagra, papaverina, e mesmo a utilização de um anel que funciona como um garrote, mantendo o sangue dentro do pênis. Há também a possibilidade de colocação de prótese, feita com um fio de platina dentro de um tubo de silicone.
Há ainda muitos outros tratamentos. Quase todos têm suas contra-indicações e possíveis efeitos colaterais, e precisam de recomendação médica. Além do mais, “nada disso promove a ejaculação nem o prazer”, explica Prado. Adriano Barata completa: “Enquanto a pessoa acreditar que a sexualidade se limita apenas à genitalidade, será muito difícil descobrir novas formas de sentir o sexo”.
Novas possibilidades.
Depois que ficou paraplégico, Sandro Mota, 28 anos, passou a se preocupar muito mais com as preliminares. “Com Sandro, eu aprendi que sexo não é apenas penetração”, diz Rafaela Cunha, 23 anos, sua namorada. Sandro e Rafaela se conheceram na faculdade. Quando, pela primeira vez, ele a convidou para sair, Rafaela ficou mentalizando como Sandro iria lhe buscar. “Fiquei imaginando se alguém teria que ir junto com a gente, dirigindo o carro”. Para a sua surpresa, ele chegou sozinho, comandando um automóvel adaptado. No dia que fizeram sexo pela primeira vez, Rafaela também ficou um pouco preocupada. “Não sabia direito como eu devia agir, tem toda a questão das sondas. Mas ele foi natural, e não me deixou nem um pouco constrangida”.
Sandro teve que aprender muita coisa sozinho depois do acidente. Logo no início, ele não ejaculava. “Já tinha me acostumado com a situação. Até que um dia, aconteceu”, lembra. “Fiquei muito feliz, porque o médico me disse que eu poderia ter filhos”. A possibilidade de ter filhos é outra preocupação muito comum entre os deficientes físicos. Prado explica que até mesmo o deficiente que não consegue ejacular pode vir a ter filhos, desde que a zona da medula responsável pelo reflexo da ejaculação não tenha sido lesionada. “É preciso que se induza o reflexo da ejaculação”, explica. Isso pode ser feito com o estímulo de um vibrador que atinja a freqüência de 60Hz.
No caso das mulheres, a deficiência física não as faz perder a fertilidade – pode acontecer a dificuldade de manter a gravidez. Em termos fisiológicos, outra conseqüência é a perda da lubrificação – e esse problema pode ser resolvido com o uso de lubrificantes externos. E, se a lesão for total, a capacidade de alcançar o orgasmo acaba. Mas prazer é algo que pode ser reinventado – e, nas mulheres, isso é mais fácil. Afinal, culturalmente, o sexo feminino aprendeu a dar mais importância a outros aspectos que vão muito além da simples penetração.

Tesouro escondido.

Mesmo depois do fatídico acidente de carro, Mara Gabrilli continua experimentando subidas bem íngremes, com emoções de montanha russa. “Eu não sinto aquela descida do prazer”. Faz pouco tempo que Mara descobriu que essa subida incessante, sem um ponto final, era sua nova sensação de orgasmo. “Um dia percebi, é isso!”, diverte-se. Todo dia, Mara aprende alguma coisa com seu corpo. Desde que ela sofreu o acidente, passou a ver o sexo por outros ângulos, literalmente. “Da primeira vez foi estranho. Via muito o teto do quarto!”. Querendo alcançar um céu bem mais alto que o telhado, Mara se esforçou para desvendar os segredos do seu corpo, como se ele fosse um complicado mapa de escondidos tesouros. Com o tempo, ela mesma foi se descobrindo. E atualmente, sempre entrega o mapa da mina aos seus namorados. “Eu levo na esportiva. Vou dizendo, passo a passo, o que ele tem que fazer, pra onde ele precisa me carregar”. Às vezes, os pedidos são bem simples. “Peço um abraço”.

Publicado em LVM - SCI, Sexualidade - Função Sexual




Feliz ano velho.

Ao mergulhar em lago raso, o universitário Mário (Marcos Breda) torna-se tetraplégico. Da cadeira de rodas, só lhe resta recordar os acontecimentos marcantes, os romances, as alegrias e as tristezas que viveu até então. Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva. No Festival de Gramado de 1988, recebeu os Kikitos de Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Roteiro, entre outros.

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